terça-feira, 2 de julho de 2013

Ensaio - Yamaha Xenter 125 (reposição)


Moderna & Suave


Introdução -  
O X é a letra que define a bem sucedida gama de scooters, da Yamaha, que incluí as X-Max e X- City, com cilindradas entre os 125 e 250 cc e que tem como porta-estandarte a magnífica T-Max 530. 
Colando o “enter” (que em português significa “entrar”) ao X tudo fica mais claro: a Xenter é a porta de entrada, para a gama X da Yamaha.
 
Para que não existam dúvidas, basta olhar para a Xenter para perceber quais as intenções da marca nipónica: “atacar” a líder de vários mercados europeus, a SH 125i, da Honda e também as Sym HD2, Kymco People, Suzuki Sixteen, e outras.
 
Design / Acabamentos – 
Começando pelo design, existe uma mistura de estilos. 


Se na frente seguiram um estilo clássico, preferindo não arriscar e mantendo óbvias parecenças com as irmãs mais” velhas” X-Max, já na traseira a evolução é notória e na minha opinião, muito feliz. 

Sem os habituais dois amortecedores que, normalmente equipam este tipo de scooters, os designers da marca Yamaha souberam aproveitar essa mesma ausência, para criar uma traseira limpa, mas ao mesmo tempo muito atrativa e moderna. 


O bonito e vistoso farolim traseiro, equipado com leds e o moderno conjunto das luzes avisadoras de mudança de direção, são um bom complemento ao ótimo aspeto geral desta scooter. 

Quanto aos acabamentos pouco se pode dizer, que é o mesmo que dizer, que são ótimos, ou não estivéssemos a falar de uma Yamaha. 
Plásticos e pintura de boa qualidade, excelentes acabamentos, até mesmo naqueles locais que não estão à vista e onde normalmente a maioria dos construtores se “distraem" um pouco. Nota muito positiva.
 
Equipamento – 
Em relação ao equipamento, a Xenter está muito bem servida.


 Comecemos então pelo painel de instrumentos, que é totalmente digital (LCD) e nos dá as seguintes informações:

Em grande destaque, no centro, temos o velocímetro digital, ladeado à esquerda pelo relógio e indicador do nível do combustível, tendo à direita o indicador de temperatura ambiente e também o odómetro, com dois parciais, faltando, no entanto, o muito útil, indicador de temperatura, substituído por uma luz de aviso. Esta, em conjunto com as luzes indicadoras de mudança de direção, da luz dos máximos e do EFI, encontram-se situadas acima do painel digital. 

Tenho de realçar aqui a qualidade da iluminação do painel de instrumentos, pois mesmo quando a luz do sol incide diretamente, toda a informação nele disponibilizada está sempre bem visível. 



Mesmo abaixo do painel digital e pressionando um botão de formato retangular, abre-se um pequeno compartimento onde podemos arrumar pequenas coisas, tais como por exemplo, os “tickets” das portagens, umas chaves, o comando da garagem, etc. 
Não nos podemos esquecer que este compartimento não tem fechadura.
 
Na zona frontal, junto às pernas, ainda temos direito a um útil suporte retrátil, que tanto jeito dá, quando pretendemos transportar um saco, ou prender o capacete.


Em relação ao espaço de arrumação situado debaixo do assento e como é normal neste tipo de scooters o espaço é pequeno e no caso da Xenter, mesmo muito pequeno. 


Sabendo disso e tendo conhecimento que as pessoas que compram este tipo de veículos, dão grande valor ao espaço para arrumação, a Yamaha oferece uma top-case de 38 L, de grande qualidade e com a tampa pintada na mesma cor da scooter.


Os pousa-pés do pendura são retráteis e estão bem colocados, algo sempre muito importante no que diz respeito ao conforto do pendura, conforto esse que pode ser aumentado com a compra adicional do encosto para a top-case.
 
Agora algo que não percebo: como é que é possível que uma scooter, cujo habitat natural é a cidade, tão avançada e possuidora de pormenores únicos como por exemplo, o painel de instrumentos digital, não tenha algo tão básico, como um descanso lateral? 
A ausência do descanso lateral pode fazer a diferença entre o, comprar ou não comprar uma Xenter, principalmente se o cliente for do sexo feminino.
 
O baixo peso da Xenter e o bom posicionamento das duas pegas laterais, bem escondidas, na traseira da scooter, facilita de alguma forma o ato de a colocar no suporte central, mas todos sabemos que, esta manobra exige sempre alguma força e “jeito” e também sabemos que, a maioria das motociclistas, têm dificuldade em fazê-lo. 
 
Ergonomia – 
Aos comandos da Xenter, vamos bem sentados, todos os comandos, de acionamento leve, estão logo ali à mão e mesmo os menos experientes rapidamente se sentirão à vontade a bordo desta “rodas altas”. 


O espaço para a colocação dos pés é que poderia ser mais amplo, pois aqueles que possuam uns pés… digamos… mais avantajados, irão encontrar algumas dificuldades para albergar os ditos cujos no espaço que lhes é reservado. E tal é estranho porque, ao nível dos joelhos, o espaço até é bastante amplo.

E... chegámos à posição dos braços. A colocação do guiador e respetivo painel de instrumentos, numa posição ligeiramente mais baixa do que é habitual, quando comparado com outras scooters deste tipo, torna quase obrigatória a compra de um ecrã/para-brisas, para nos proteger do vento, acessório que consta na lista de opcionais para este modelo.
 
Motorização / Ciclística – 
O propulsor da Xenter, é um moderno monocilindro, a 4 tempos, refrigerado por líquido, com 125 cc e que debita 12 cv, às 7500 rpm, para um binário máximo de 11,9 Nm, às 7250 rpm.


Em relação ao seu comportamento e às suas performances, tudo se passa de forma muito suave. 
O seu arranque é suave, a forma como sobe de rotações é suave e até mesmo, quando atinge o seu limite, fá-lo... suavemente, sempre muito certinho e isento de vibrações. 


No entanto, falta-lhe um pouco mais de "alma" de "chama". Aqui a palavra de ordem é a suvidade.
 
Mas, quando decidi enfrentar as primeiras subidas, como veremos já a seguir, a Xenter surpreendeu-me! 
Se em piso plano, o velocímetro digital, raramente indica velocidades superiores aos 100 km/h, precisando de algum espaço para lá chegar, já a subir a conversa é outra. 


Dou-vos o exemplo da conhecida e longa subida, no princípio da A5, junto ao viaduto Duarte Pacheco. 
Iniciando a longa subida a 95 km/h, quando cheguei ao topo, junto à saída da Cruz das Oliveiras, o velocímetro ainda indicava 85 km/h, uma ótima marca, pois já fiz o mesmo percurso com outras scooters (e também motos!) da mesma cilindrada e posso dizer que mesmo iniciando a subida a velocidades mais elevadas, algures entre os 100 e os 110 km/h, a perda de velocidade é maior, chegando ao cimo da subida, em alguns casos, a uns parcos 70 km/h.
 
Resumindo, não é a rainha dos semáforos, e nem a rainha da velocidade máxima, mas a subir... faz a diferença!
 
Nesta altura, alguns já estão a pensar: ”mas esta Yamaha é assim tão suave, parecendo até ser, algo monótona”? A minha resposta é “Sim”!


Sim, mas existem culpados para que isso aconteça! “E quem são eles?”, perguntam vocês. 
 
Os culpados são o quadro, os travões e principalmente as suspensões! 
 
O comportamento deste trinómio está muito acima das capacidades deste motor de 125 e de qualquer outro desta cilindrada. 
 
Não é o motor que é fraco, ou preguiçoso. A qualidade destes componentes é que estão muito acima do que é costume encontramos nestas scooters e muito sinceramente, até em algumas scooters mais potentes! 

A suavidade (outra vez a palavra...) e facilidade com que a Xenter enfrente todo o tipo de ruas e estradas, sejam elas as mais perfeitas e lisas, ou as mais esburacas, em mau estado, chega a ser desconcertante!  
 
Onde as outras sacodem, vibram, abanam e quase nos atiram ao chão (verdade seja dita, ás vezes… atiram mesmo!) a Xenter é… (outra vez!) suave… simplesmente nada se passa…tudo é fácil… 
 
Sim eu sei, as jantes de 16 polegadas, são uma preciosa ajuda mas… outras também as possuem e estão longe de terem um comportamento semelhante. 
 
Como é possível uma scooter 125 que custa, nesta fase de lançamento, 2995 € (mais documentos), ter um comportamento destes? 
 
Ora vamos lá dissecar a “coisa”:
Para começar, temos o quadro. O quadro usado normalmente nestas scooters, tem apenas, ao centro, uma “coluna vertebral”, servindo o motor/transmissão, também de braço oscilante. 
 
No caso da Xenter, o quadro é perimetral de duplo berço, que é o mesmo que dizer que a colocação do motor neste tipo de quadro é igual às motos.
 
Depois temos as suspensões. Na frente encontramos uma forquilhatelescópica, muito bem dimensionada e com um comportamento exemplar. Atrás… temos a diferença.


Tal como a sua irmã mais potente, a T_Max, a Xenter possui um sistema de suspensão do tipo “monocross”, com o amortecedor (apenas um) colocado no lado direito da scooter. 
Mais leve e também mais eficaz que o tradicional conjunto de dois amortecedores, o uso deste tipo de suspensão reflete-se na maior capacidade de absorção das vibrações que são transmitidas pela roda, melhor resistência e filtração daquelas "pancadas” mais secas e mais fortes. 

O sistema de travagem composto por um disco de 267 mm na frente e tambor atrás, é progressivo (não quis repetir o “suave…) e eficaz, contando com o “Unified Braking Sistem” (UBS), nome dado pela Yamaha, ao seu sistema de travagem combinado.
 
Cidade – 
Como já escrevi atrás, é o seu habitat natural e pouco mais se pode dizer. A cidade é sem dúvida a sua “praia”. 
Confortável, segura e sempre suave, assim se comporta a Xenter.
 
Estrada – 
Quase que me atrevo a dizer que, quanto mais degradadas, melhor, tal a qualidade das suspensões da Xenter. 
Contudo, sente-se a falta da tal “chama”, a falta de mais um ou dois “cavalitos”, o que nesta cilindrada, por vezes faz a diferença
 
Autoestrada – 
A evitar grandes tiradas em AE, pois arrisca-se a "adormecer", tudo devido às performances algo limitadas e… à sua suavidade (já estava com saudades…).
 
Consumo / Autonomia –

Nas duas medições que fiz, durante o tempo que tive a Xenter na minha posse, os valores foram os seguintes:
 
1ª Medição  3,5 L (Trânsito intenso, hora de ponta e algumas percursos em AE, abusando do acelerado, pois experimentei-a nas mais diversas situações.)


2ª Medição  3,1 L (Condução mais fluída, uso normal, alternando entre percursos de AE de 2 X 15 km (repetidos algumas vezes), estrada e cidade, mas sem ser em hora de ponta. 
 
Fazendo a média a estas duas medições, temos um consumo de 3,3 L por cada 100 km percorridos.
 
Como o seu depósito de combustível tem uma capacidade de 8 litros, podemos contar com uma autonomia de +- 200 km, até entrar na reserva.
 
Manutenção - 
A Yamaha Xenter 125, faz a primeira revisão aos mil km e depois de 6 em 6 mil km, estando indicado no livro de revisões que acompanha a scooter, que o óleo  deve ser trocado a cada 3 mil km.
 
A troca da correia de transmissão é para ser efetuada de 20 em 20 mil km.



Comentário Gosto de Scooters
 
A Yamaha Xenter 125 é uma scooter tipicamente citadina, moderna e de linhas arrojadas. 
Na minha opinião, a excelente qualidade do quadro, suspensões e também travões, merecia um propulsor com mais alma. 
 
E também um descanso lateral!
 
 
Características Técnicas
 
Motor  Monocilíndrico a 4 tempos com refrigeração líquida
 
Cilindrada  125 cc
 
Potência  12,3 cv às 7.500 rpm
 
Binário - 11,9 Nm às 7.250 rpm
 
Transmissão  Automática (CVT) 
 
Travões
Frente  Disco, 267 mm
Traseiro  Tambor, 150 mm
 
Pneus
Dianteiro  100/80-16
Traseiro  120/80-16
 
Depósito de combustível  8 L    
 
Peso  142 kg
 
Preço (lançamento)  2995 € + docs.
 
 
 
Fatores Positivos –   
 
- Design.
- Painel de instrumentos.
- Qualidade geral.
- Rendimento nas subidas.
- Comportamento das suspensões (Excelente!)
- Top-case.
 
 
Fatores Negativos – 
 
- Ausência do descanso lateral.
- Espaço para a colocação dos pés.
- Guiador baixo.  
- Motor com pouca “alma”.
 
Classificação geral (de zero a dez pontos) - 5,5
 
 
  Agradecimentos
 
Agradecimento especial, ao Sr. Carlos do Stand Gira Motos, em Linda-a-Velha, que gentilmente cedeu a Yamaha Xenter 125, para a realização deste ensaio.
 
Gira Motos
 
Stand
 
Av. Tomas Ribeiro, Nº 56 - B
2795-184 Linda-a-Velha
 
Tel.  214 150 000
Tm – 932 816 411
Fax  214 190 069
 
 
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Quinta de Sto. António, 14 – Piso 2
2795-161 Linda-a-Velha
 
Tel.  214 195 763
Fax  214 144 303
 
 
 
Fonte:
Texto - Veiga
Fotos - Veiga 
 
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3 comentários:

  1. Podias meter nos ensaios a marca dos pneus?

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    1. Por vezes coloco, outras vezes não, mas sendo assim passo a colocar sempre.

      Obrigado pela "lembradura"!

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  2. Andava à procura de uma scooter e depois de ler varias opiniões comprei uma Xenter e tenho exatamente o problema do descanso ! Não há possibilidade de fazer um upgrade / inventar um descanso? Ou é impossível? Será possível dar a sua opinião? Desde já os meus agradecimentos.

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