domingo, 26 de outubro de 2025

Honda SW-T 600 - Mais de 1200 km de puro prazer!



2ª FEIRA -

Uns dias de férias, bom tempo e a Honda SW-T 600 na garagem a olhar para mim, com cara de parva!

Ok, ok, já percebi, queres ir vadiar. Pensando bem, fora as pequenas voltinhas apenas para manter a bateria carregada, pouco ou nada temos andado, eu e ela.

Ora deixa cá ver, é segunda-feira, são quase duas horas da tarde, se calhar já é tarde para arrancar ou... talvez não!

Um saco pequeno de desporto, meia dúzia de peças de roupa, mais uns ténis, escova e pasta de dentes, um desodorizante, um pente, o carregador do telemóvel e, "bora" que se faz tarde - vantagens de ter pouso certo, em Arganil!

Três da tarde e já a SW-T ronrona alegremente em plena A1, em direção a Aveiras onde a partir daí iremos viajar sempre pena Nacional em direção a Coimbra.
Tarde serena, temperatura amena e uma condução bem calminha pois... não tenho pressa e muito menos hora marcada para chegar a Arganil. 
Trânsito normal para uma segunda feira, muitos veículos pesados, como é habitual, mas tudo muito tranquilo. Ainda bem!
Uma paragem num pequeno café, para beber uma água fresca e siga!

Ao avistar Coimbra, lembro-me que já não visito os meus primos Paula e Zé há algum tempo e assim, aponto a scooter ao Portugal dos Pequeninos. É mesmo ali ao lado!
E tal como acontece sempre, perdemo-nos na conversa. Quando reparo, já está a anoitecer e eles também têm mais que fazer, do que aturar o primo maluco!

Dona SW-T, como é que é? Seguimos viagem? Juro que vi um relampejar dos máximos em sinal de total concordância...  ou estarei a ver coisas? 



Atravesso Coimbra, cheia de trânsito, sete horas da tarde, em plena hora de ponto e lembro-me que tenho de abastecer a scooter pois, quando sai de Lisboa, não coloquei gasolina, tal era a pressa de ir embora! 

 Depósito cheio até às bordas e lá vamos nós, a SW-T e eu, para aquela que é para mim - e pelos vistos tambem para ela! - uma das estradas que mais gosto de fazer, a N17, também conhecida como a Estrada da Beira e aqui meus amigos, mesmo que queira impor um andamento calmo e mesmo de noite, é caso para dizer "PQP" para esta estrada que puxa por um gajo como se não houvesse amanhã! 
Pois é, não consigo resistir e mesmo de noite, "here we go again"!  



 E é em situações como esta que sinto saudades de uma moto a "sério", até mesmo da "traineira" que era a Yamaha XJ 900 Diversion, a qual, após ter a suspensão dianteira trabalhada pelo Mestre Carlos Figueiredo - GiraMotos, em Linda-a-Velha- , ficou a curvar que era uma maravilha. 
Mas, ok, não me posso queixar pois a Honda SW-T 600 e depois de tb ter trocado o óleo da suspensão dianteira para um ligeiramente mais espesso - o que mudou radicalmente o comportamento da scooter - deixou de ser aquela coisa bamboleante e que pregava sustos quando exigíamos mais dela e tudo com apenas, uma simples mudança do tipo de óleo, ficando totalmente diferente, mais segura, sentindo-se a frente mais agarrada ao chão, mais incisiva na inserção em curva, ou seja, totalmente diferente, para melhor e aqui também temos de elogiar a ótima qualidade dos Bridgestone Hoop.
Mas como é óbvio, a Honda SW-T 600 é uma scooter, mais concretamente, uma Maxiscooter, o que equivale a dizer que é grande, comprida e pesa 250 kg (apenas menos 2 kg que a XJ900!) e por isso, tem o comportamento típico de um veiculo de duas rodas com estas características.

Opá, deixemo-nos de lamentações pois mesmo sendo uma scooter grande e pesada, consigo divertir-me à brava neste tipo de estrada, como a N17 e a prova disso mesmo são exatamente as marcas de desgaste no pneu traseiro. 

Assim e divertindo-me à brava, rapidamente chego a Poiares, onde viro para a esquerda em direção a Góis cuja estrada, apesar de mais sinuosa e com algumas curvas matreiras que podem surpreender os mais afoitos ou quem não as conhecem bem, são puro prazer de condução, desde que, como é óbvio, os limites de cada um e sobretudo os limites da máquina que conduzem sejam respeitados. 
Quando se ultrapassam esses limites, o mais certo é sair asneira...

E cheguei ao destino!

Depois de colocar o saco de viagem em casa, tenho de ir até Arganil comer alguma coisa. 
A conhecida pastelaria "Argus", situada mesmo no centro de Arganil, ao lado do edifício da Câmara Municipal estava fechado para férias e por isso apontei agulha para o "Eduardus", logo ali a seguir, onde devorei uma deliciosa sopa de legumes e uma tosta mista! Agora sim, está na hora de regressar a Celavisa e descansar o esqueleto!

3ª FEIRA - 

Porra, como é possível, lá fora estar um sol tão agradável e dentro de casa, estar um frio do caraças, que me obrigou até a ir, a meio da noite, buscar um édredon, ao guarda-vestidos? Logo, bem ligo o aquecedor.. assim como assim é a sogra que paga a conta da luz! 

Olhar para o relógio, são nove horas e dez minutos, tomar um duche rápido, sair de casa e confirmar que está muito mais calor na rua do que dentro de casa e... para onde é que hoje vou vadiar? Bom, para já, vou até Arganil, até ao "Forno", para degustar um galão escurinho e a escaldar - mesmo a escaldar, quase a partir o vidro do copo, como gosto - e uma sandocha mista.

Dez e picos da manhã, sol alto, temperatura ótima para se andar de moto e é isso mesmo que vou fazer, andar de moto, neste caso de scooter. E para onde vou? Deixa cá ver, quero fazer uns bons km, mas sobretudo ir a algum lado que ainda não conheça. 
Nisto passa um carro de patrulha da GNR, mesmo ali e ao lado e... se fosse até à Guarda? Tem tudo a ver, não é? Guarda Nacional Republicana, Guarda cidade...

Bom, que se f... lixe, está decidido! Vou até à Guarda, cidade que não conheço! Sempre dá para fazer uns bons km de moto e visitar uma localidade que é desconhecida para mim. Aliás, já lá tinha ido com os meus país, quando era pequeno mas, sinceramente, não tenho qualquer tipo de memória daquela cidade.

Claro que a SW-T ficou toda entusiasmada e lá fomos os dois, contentes e felizes e chegámos à Guarda ainda mais felizes, depois de termos feitos uns belos quilómetros na A25, a velocidades que me recuso a descrever, onde, mais uma vez, esta Honda SW-T 600 conseguiu surpreender-me positivamente, não apenas pelas velocidades atingidas, mas sobretudo pela facilidade em mantê-las, mesmo em grandes e prolongadas subidas.



E eis-nos na Guarda, cidade, sempre a subir (ou a descer, como é óbvio, daaaaaah!) mas que, sinceramente, pouco me encantou. 
Ora vira aqui, ora vira ali, passar pela, quase abandonada, zona histórica da cidade e uma pausa prolongada, para admirar a famosa Sé da Guarda. 
Agora dando uma de gajo bué inteligente (obrigado chatgpt!), posso dizer que, o edificio original foi mandado construir a pedido de D. Sancho I ao Papa Inocêncio III. 


Deste primeiro edificio pouco ou nada se sabe, a não ser que, quase no mesmo local e já no século XIV e por ordem de D. Sancho II, foi construída uma catedral que também acabaria por ser destruída.

Ainda no século XIV, mas já no reinado de D. João I, seria iniciada a construção da atual Sé da Guarda, obra que se arrastou durante anos a fio, tendo sido finalmente concluída no século XVI, o que resultou numa miscelânea de estilos, algures entre o gótico e o manuelino. 

Como dá para perceber, levar uma eternidade para construir algo, parece ser um hábito que atravessou séculos pois, qualquer semelhança entre o tempo gasto a construir a Sé da Guarda, ou o novo Aeroporto de Lisboa, não pode ser mera coincidência!


E.. a Guarda está vista. Para mim, cidade com pouco que ver e como pessoalmente prefiro cidades planas, a cidades com altos e baixos, ala que se faz tarde.

Com isto tudo já tinha passado a hora de almoçar mas tinha a barriga a dar horas e lembrei-me que quando entrei na Guarda, tinha reparado num KFC. Está decidido! Venha de lá um menu de dois pedaços, com batata frita, Cola Zero e um Sundae Natura para equilibrar a coisa. 

Então, perguntam vocês, não havia mais nada para comer na Guarda que... Fast-Food? 
Opá, claro que havia, aliás, é zona bem conhecida pela sua fantástica gastronomia mas, apeteceu-me KFC e agora? Não posso? Ora bolas, que ja me estão a pôr zangado e o franguinho do KFC é delicioso. Não gostam de fast-food? Não comam! Eu gosto!

Voltámos à A25, agora sem pensar que aquilo era uma autoestrada alemã (vamos ver se não chega a casa nenhum "voucher"...), sigo bem mais tranquilo, até Seia, onde, como já é habitual, dei por ali umas voltinhas, pois é um lugar que me trás ótimas recordações de infância e onde me sinto muito bem. 



E de Seia a Celavisa, foi um pulinho - parece que os meus primos Ricardo e Fátima estão com muitas saudades minha, mas vai ter de ficar para a próxima.. - , com uma rápida passagem pelo Intermarchê de Arganil, para fazer umas comprar para o jantar e não só.

4ª FEIRA - 

Quase dez horas da manhã - abençoado édredon, dormi que nem um santinho! -, salto da cama, abro os estores e sol com fartura! É isso mesmo que se quer, duche rápido e rapidamente estava em Góis. 

Cafézinho e outra vez aquela dúvida: para onde vamos, eu e a SW-T?

Que tal irmos para o lado oposto de onde fomos onde? Ok, vamos, para já, apontar a agulha até à Pampilhosa da Serra, para mais um troço de estrada que nos coloca um sorriso parvo na tromba e.. nada feito pois, algures, ainda a pouca distância de Góis, eis que, a bela estrada está fechada e temos de fazer um desvio para a direita. 
Por um lado ainda bem pois o ritmo parvo a que já ia, era mais digno de outra autoestrada alemã que o adequado para uma estrada municipal, apesar de em ótimo estado. E também ainda bem porque, assim, dei por mim a circular por estradas (em algumas zonas aquilo já não eram bem estradas...) que desconhecia, tal como também desconhecia as muitas aldeias por onde fui passando, umas com apenas meia dúzia de casas e outras, como o bonito Pessegueiro, maior e bem cuidada.

Chegado à Pampilhosa da Serra nem parei pois, é uma vila que já conheço bem e sendo assim, decidi seguir em frente, em direção a Silvares para ver toda aquela enorme área que ardeu. E se ardeu! 

Mais uma vez e por muitas vezes que já tenha visto zonas ardidas, não deixo de ficar surpreendido e muito triste com tudo aquilo. Ainda se sentia o cheiro a queimado! 



Naquele local onde parei, desliguei a scooter e estive largos minutos a olhar para toda aquela imensa área que ardeu e sobretudo por perceber que a vila Silvares, foi totalmente cercada pelo fogo. 



Não consigo sequer imaginar o que aquelas pessoas passaram e também, o que os muitos bombeiros que ali estiveram a lutar contra o fogo devem ter passado, sendo algo inacreditável!
Arranquei e segui muito devagarinho nos quilómetros seguintes e nem sei bem porquê, talvez pela magnitude daquela tragédia, talvez por respeito a todas aquelas pessoas, nem sei bem...  
Um pouco mais à frente encontro o rio Zèzere e pouco depois chego a um cruzamento onde tenho de tomar uma decisão: para ode vou?

Se virar à direita vou para Castelo Branco, se optar pela esquerda, sigo para o Fundão. 

Pisca da esquerda acionado e  segui para a cidade do Fundão.



Confesso que fiquei muito surpreendido pela positiva com esta bela cidade, que conhecia apenas de "raspão" e agora, apesar de apenas a ter atravessado - fiz apenas uma rápida paragem para efetuar um telefonema -, o certo é que gostei muito ambiente e sem dúvida, será um local onde, numa das próximas viagens, irei perder algum tempo a visitar/explorar.


Do Fundão à Covilhã é um pulinho, uma longa reta, com resmas de rotundas plantadas ao desbarato

A Covilhã, pessoalmente, pouco me atrai, ou melhor, atrai-me tanto como a Guarda, provavelmente, porque não gosto de localidades que ficam em encostas, com grandes subidas e descidas. 
Entrei na cidade e como a SW-T já vinha a avisar que estava na hora de comer, tive de fazer-lhe a vontade  e encher-lhe o bandulho, até as bordas, com comidinha da boa, pois ela em viagem apenas come "Gourmet", neste caso, uns bons litrinhos de BP Ultimate. E não era só ela que tinha a barriga a dar horas, pois a minha também estava. 

Sigo para o centro da Covilhã mas é como disse, não morro de amores por esta cidade e assim sendo, também não é aqui que vou almoçar, apesar de já serem quase três horas da tarde, 



Duas ou três paragens apenas para fazer o registo fotográfico da passagem por ali (no Fundão esqueci-me...) e siga serra acima onde estico-me um "bocadinho" naquelas subidas ingremes, tão "bocadinho" que a SW-T resolveu queixar-se.

Começou a fazer o famoso "peru", um som tipico destas scooters - quem tem sabe do que falo -, vindo da zona da transmissão. 
Isto acontece quando se exige muita da transmissão, principalmente em subidas muito ingremes com curvas bastante sinuosas e confesso, sim, abusei um "bocadinho", mas mal ouvi o "gluglu do peru", ops, não te estiques, pois a menina vai em esforço. 
Decidi parar, para a SW-T "descansar" num, bem localizado, restaurante, nas Penhas da Saúde (fica do lado esquerdo, quando se sobe), com uma ótima esplanada. 
Como era tarde, pensei que já não deviam servir almoços e assim foi, mas serviram uma deliciosa sopa serrana daquelas de "entulho", à qual juntaram uma sandes de queijo da serra e presunto, de lamber as beiças e chorar por mais!

Depois, lá fui serra da Estrela acima, bem mais calminho, para evitar que a SW-T começasse a "gluglugar" outra vez (o certo é que nunca mais fez!) e também para apreciar/saborear/absorver, tudo aquilo que ali nos rodeia, as belas montanha a perder de vista, os lagos e aquele ar forte que, de tão puro que é, no início, até estranhamos!



Já quase no topo, no cruzamento, decido que não valia a pena ir até à Torre, pois tinha lá estado nas férias em Agosto por isso apontei a scooter em direção ao Sabugueiro e depois Seia - Ricardo e Fátima, ainda não foi desta lol -, onde andei, outra vez, por ali a cirandar (tem de ser, não resisto!)  e sigo, com toda a calma do mundo para S. Romão - outra zona  que sofreu horrores por causa dos fogos e vou apanhar a Estrada da Beira, em direção a Arganil e depois Celavisa.
 
Algures, ainda fiz uma paragem para uma visita rápida a um armazém com o qual ficava intrigado sempre que por ali passava e agora percebi que é uma espécie de loja de antiguidades tamanho XXL e que vai merecer, da minha parte, uma paragem mais prolongada, numa das próximas vezes que vier para estes lados. Sei que fica numa das muita pequenas povoações que são atravessadas pela N17, mas esqueci-me do seu nome. Fica para a próxima...

5ª Feira -

Dia de regressar por isso, o habitual, acordar por volta das nove horas, duche, meter a tralha no saco de viagem, fechar tudo o que é torneira, desligar o gás, não deixar nada elétrico ligado, a não ser frigorífico e siga até  Vila Nova de Poiares para tomar o pequeno almoço, numa ótima pastelaria que ali existe, em plena N17, em direção a Coimbra.

Novamente  na estrada, num andamento moderado, a saborear cada quilometro percorrido e a pensar que já estava de regresso. E quando me aproximava de Coimbra pensei: e que tal esticar a coisa mais um bocadinho e ir almoçar à Figueira da Foz? É já ali ao lado!
As desculpas que um gajo arranja para fazer mais umas boas dezenas de quilómetros, tudo pelo prazer de andar de moto, neste caso, de scooter, que tb é uma moto, diferente, mas é!



Figueira da Foz à vista e a barriga a "dar horas". Ora, vamos lá escolher um restaurante, de preferência com esplanada e a escolha foi rápida pois, num dos muitos restaurantes existentes na bonita e enorme marginal da Figueira da Foz, vejo um placar com a seguinte indicação: "Prato do Dia - Polvo à Lagareiro". A escolha está feita!
Que maravilha! Polvo muito tenrinho e fresquinho, com aquele sabor típico a mar.

Porra, comi muito! Por estas e por outras é que quando viajo de moto, não gosto de grandes almoços, mas o raio do polvo estava mesmo bom!

Embuchado até ao pescoço, regressei à estrada, agora em direção a Leiria, nas calmas, pois estava cheio de mais para fazer uma condução, digamos ,mais "atrevida".



E foi num ritmo tranquilo que cheguei a Lisboa e depois a casa, em Linda-a-Velha com a barriguinha, ainda cheia do polvo, mas sobretudo de mais um belo passeio que apenas pecou por.. ter terminado!

Mais de 1200 km, rodados, por este belo cantinho à beira mar plantado, com a Honda SW-T 600 a demonstrar que é uma ótima companhia de viagem, sobretudo pelo conforto proporcionado - sem as muitas dores no meu joelho lesionado, que tanto sentia na XJ900, devido ao seu ângulo mais fechado das pernas -, capacidade de carga, consumos e grande fiabilidade.

Venha a próxima!!


Carlos Veiga (26/10/2025)


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