quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

Contacto - Kymco Xciting 400 (Reposição)


Finalmente uma Kymco, no Gosto de Scooters!

Quase que posso dizer que, após quatro anos de “milhentas” tentativas para conseguir fazer um test-drive a uma scooter Kymco, finalmente conseguimos! 

Só que, ao contrário do que acontece com a maioria das marcas de motos que possuem motos para a realização de test-drives, neste caso, a presença de uma Kymco, no Gosto de Scooters, deve-se apenas e só à Speed Master, concessionário Kymco, situado na Abóboda e que muito gentilmente nos confiou a novíssima Xciting 400, para a realização deste ensaio e de mais um trabalho que iremos apresentar daqui a uns dias.

Se olharmos para o mercado internacional, nomeadamente para aqueles onde se comercializam maior número de scooters – Itália, França, Alemanha e Espanha – vemos a marca Kymco a lutar pelo 1º lugar no top-ten e em alguns casos até mesmo a liderar. 

Por cá, na minha opinião e um pouco por culpa de uma certa inércia por parte do importador, as vendas dos produtos Kymco, são quase residuais principalmente se as compararmos com a Sym, marca conterrânea e principal rival, tanto no mercado interno, como no resto do mundo.
Será a Kymco uma marca inferior à Sym? Sem dúvida, que não! Basta ver que a Kymco é a marca de taiwanesa de scooters que mais vende, estando presente em 86 países.
Se é assim lá fora, porque é que em Portugal não acontece o mesmo? A esta pergunta só a Mavico poderá responder… até porque também não se percebe qual a razão da Kymco ter, por exemplo, em Portugal, um site tão vetusto, tão básico e tão ultrapassado e ainda pior desatualizadíssimo, pois não contém nenhuma informação dos novos modelos que já estão em comercialização, a K-XCT e esta Xciting 400. Sinceramente, não se percebe…



 Responsáveis pela Kymco em Portugal se precisarem de ajuda para levar a marca para a frente, olhem… lembrem-se de mim que até estou desempregado e tudo!

Indo agora ao que nos trouxe aqui se, por um lado a Kymco estava muito bem representada pela Downtown na classe das GT, tanto nas 125 como nas 300, já no patamar superior, a Xciting 500 nunca conseguiu ser um sucesso comprovado (apesar de durante tantos anos os responsáveis taiwaneses terem insistido nela com constantes renovações), muito por culpa do consumo excessivo assim como devido à fragilidade de alguns componentes, nomeadamente ao nível do sistema de transmissão. 

Com o aparecimento no mercado da Sym Maxsym 400i, sucesso absoluto em Portugal, onde lidera as vendas no segmento das scooters de média cilindrada, a Kymco teve de se “fazer à vida”, que é o mesmo que dizer, esquecer de vez a Xciting 500 e apresentar uma nova scooter, capaz, não só de lutar com a Maxsym, mas também com produtos apresentado pelas marcas japonesas, habituais dominadoras neste segmento (onde a Maxsym é a exceção!) 
E ainda bem que o fizerem, pois, não tenho dúvida alguma ao afirmar que a Xciting 400 é uma scooter bem-nascida, ficando apenas por comprovar se o nível de fiabilidade se encontra ao nível dos modelos rivais, ou se vamos continuar a ter uma Kymco “topo de gama”, a dar algumas dores de cabeça aos seus proprietários, tal como tem acontecido com a 500.



Seguindo a linhagem de “família”, a Xciting 400, é uma scooter com um design muito moderno, desportivo e que pelo que me foi dado a ver durante o tempo em que rodei com esta scooter por Lisboa e arredores, desperta a atenção, não só dos que gostam de scooters, mas até daqueles para quem uma scooter não é mais do que um “aspirador”.

Pessoalmente, falando da estética, não existe nada que me desagrade nesta scooter, a não ser o para-brisas, mas neste caso mais por razões de conforto de condução e segurança (como veremos mais à frente), pois o seu aspeto minimalista assenta bem na linha desportiva da Xciting.



Gosto muito do design da traseira, nomeadamente do conjunto de luzes, em led, que lhe acentua ainda mais a “veia desportiva”.
Logo aqui dá para perceber que os responsáveis da marca tinha como alvo a “abater” não só a Maxsym, que tem um aspeto mais clássico, mas também a Yamaha X-Max 400, cujas linhas provém da desportiva T-Max 530.




O escape encontra-se perfeitamente enquadrado no design da scooter, mas infelizmente já não posso dizer do painel de instrumentos, demasiado minimalista e amorfo, além de conter apenas o mínimo no que diz respeito a informações ao condutor. 

Conta-rotações analógico, velocímetro digital, indicadores (gráfico de barras) da temperatura do motor e quantidade de combustível, relógio, 2 trips e meia dúzia de luzes avisadoras, tudo de dimensões muito pequenas, dificultando a leitura principalmente durante o dia, pois até a cor, algo parecido com amarelo, é demasiado pálida para que se consiga fazer uma rápida e imediata leitura do da informação ali contida.
Já de noite, tudo muda, pois a bonita iluminação azul, ajuda bastante a minorar a dificuldade de leitura.



Sabem qual é a melhor forma para vermos a qualidade dos materiais e da sua montagem? Sim, eu sei, escolham ruas empedradas ou em mau estado e tira-se a prova dos nove, o que como é habitual, foi o que fiz, rodando com a Xciting 400 nas ruas da baixa de Lisboa, incluindo o Bairro Alto. 
Mas não só: lavem a moto, mas à mão! Sim, foi o que fiz com a Exciting, pois devido à chuva, ficou suja e tive de a lavar para que ficasse apresentável nas fotos que ilustram este “Contacto”. 
Ao lavá-la à mão, enquanto a esfregamos com a esponja/pano, ficamos com a perceção imediata da qualidade dos plásticos e dos seus encaixes e posso garantir-vos que pude constatar que, esta scooter “made in Taiwan” está praticamente ao nível (e em alguns casos até acima) das suas rivais japonesas, fazendo frente à Maxsym. Ok, ao “apalpar”, aqui e ali até poderemos não encontrar aquela “maciez” de alguns plásticos japoneses, mas em relação à montagem dos mesmos, não tenho dúvida, estão ao mesmo nível.





Sento-me na scooter e chego bem com os pés ao chão (1,78 m), o assento é confortável, tenho bastante espaço para as pernas e… aleluia, uma Kymco onde podemos esticar as pernas! Até que enfim! 
O condutor tem ao seu dispor duas posições de condução, a normal e uma mais descontraída que permite levar as pernas esticadas, não totalmente, mas ótima para fazer quilómetros atrás de quilómetros de forma bastante confortável e descontraída.

O passageiro tem um assento também ele confortável, apesar de ligeiramente duro e também uns poisa-pés como deve ser (achei original o botão para a sua abertura), ao contrário do que acontece com a Downtown com as suas incomodas “prateleiras”. Para serem perfeitos falta apenas o revestimento em borracha...




Infelizmente, ao nível de compartimentos para arrumação a Xciting, está muito abaixo do que a concorrência oferece, o que é pena. Na frente da moto, só temos um pequeno compartimento, onde nada cabe, fazendo lembrar a minúscula e ridícula gaveta da Integra 700.
 Debaixo do assento, também nota negativa, pois o espaço disponível até seria bastante aceitável, isto se tivesse altura suficiente pois apenas lá conseguimos colocar um capacete, e nem todos cabem. Se forem “cabeçudos”, ou se o vosso capacete tiver apêndices aerodinâmicos, esqueçam. É pena…




Já falámos na scooter no geral, faltando agora o que mais interessa, o motor e a forma como se comporta dinamicamente.
Falando do propulsor, é um novo monocilindro a 4 tempos, refrigeração líquida, com 399cc de cilindrada e que debita 35,5 cv às 7000 rpm e um binário de 37 Nm às 6000 rpm.
Com o motor ao ralenti – que por sinal é baixo, quando em comparação com outras scooters, mais parecendo que estamos a bordo de uma moto “normal” – chegam até nós algumas vibrações, que desaparecem mal rodamos suavemente o punho do acelerador para arrancarmos. 
Que diferença, para a sua rival, Maxsym 400! Aliás, neste capítulo não existe comparação pois mesmo durante toda a faixa de rotação o nível de vibrações sentidas na Xciting é sempre o mesmo, ou seja, quase nenhumas, o que já não se pode dizer do topo de gama da Sym que, como sabemos, vibra bastante no arranque até se ultrapassar a faixa das 4 mil rpm.



Fiquei bastante agradado com a desenvoltura com que este propulsor faz a Exciting progredir, seja rodando o punho de forma suave ou, digamos, de forma mais “alegre”, pois a resposta é sempre imediata, sem hesitações, sem “poços” e rapidamente, muito rapidamente vemos o velocímetro digital a marcar três dígitos, ultrapassando a fasquia dos 100 km/h enquanto o “diabo esfrega o olho”! E… continua a progredir, levando-nos num ápice até aos 140 km/h. A partir daqui a progressão é feita de forma mais moderada, mas sempre a subir até o velocímetro ficar a pairar ali algures entre os 160 e 165 km/h isto em reta! 

A descer, consegui que marcasse os 175 km/h! E é aqui que tenho de falar no para-brisa da Xciting, ou direi ainda melhor, na “guilhotina” desta scooter, pois não tenho dúvida alguma que com um para-brisa “decente”, de maiores dimensões e que proteja melhor o condutor do vento, seja possível ver “cravados” no velocímetro digital os 180 km/h!

No que diz respeito aos consumos, andam à volta do que é expectável numa scooter desta categoria, o que quer dizer que em condições normais, gasta entre os 4,3 e os 4,7 L e claro, usufruindo dos 35.5 cv em todo o esplendor, aproxima-se bastante dos 6 litros (5.8 L).
Numa condução económica, julgo ser possível fazer consumos na ordem dos 4 litros ou até ligeiramente menos, mas também vos digo, comprarem uma scooter destas, com esta enorme pujança, para depois andarem a fazer contas aos mililitros de combustível que poupam se andarem a 80 km/h, mais vale comprarem uma 125! 



Quanto à “guilhotina”, se em tempos já tinha criticado o para-brisa de uma scooter 125 de uma daquelas marcas duvidosas “made in China”, por este ter uns bicos na parte superior, na Xciting também sou obrigado a fazê-lo, pois acontece precisamente o mesmo. O desenho deste para-brisa, na parte superior, possui dois bicos, além de ser, pouco flexível. 
Ora, pensando num acidente que tive onde, devido a embate contra um automóvel, fui projetado para a frente, tendo o meu peito e pescoço batido no para-brisa da minha scooter, se em vez do para-brisa alto e mais maleável da Sym GTS estivesse no seu lugar um para-brisa com este da Xciting, provavelmente a esta hora não estaria aqui a escrever estas linhas! 
Aqueles dois bicos salientes podem causar danos graves no corpo do condutor num acidente, disso não tenham dúvida! Por isso, prioridade principal para quem adquirir esta scooter é a troca imediata do seu para-brisa por uma mais alto e normal, por muito que gostem do aspeto “racing” do para-brisa da Xciting. Primeiro a nossa segurança e depois o “style”.



E em relação ao resto? Suspensões, quadro e travões? Estarão à altura das performances deste motor?
Sim, estão, sem dúvida! E até posso dizer que estão acima, isto falando dos travões, que podem chegar a assustar os menos experientes. 
Explicando melhor, direi que os travões são sobredimensionados para esta scooter! Os dois discos dianteiros, tem um poder de travagem extremamente forte, logo ao primeiro toque, o que poderá surpreender e até assustar os menos experientes, requerendo alguns quilómetros de habituação antes de se sentirem realmente à vontade, enquanto os mais experientes vão adorar a capacidade de travagem desta scooter, podendo levá-la ao limite sabendo que os travões estão sempre lá, pronto a tirá-los de situações mais delicadas. Já o travão traseiro, também de disco, na minha opinião e por ser também demasiado agressivo, faz com que a roda traseira bloqueie com alguma facilidade. 

Fala-se muito no ABS e se existe scooter que precisa de ABS, é esta, pois com piso molhado será preciso, ter muito cuidado na forma como usamos estes travões. 
Mas tenham em conta que os pneumáticos que equipam de origem a Xciting são os conhecidos Maxis, de qualidade bastante sofrível e que não estão, de forma alguma, ao nível da capacidade de travagem e performances da Xciting 400. Sendo assim além da troca do para-brisa, aconselho também a trocarem, assim que puderem, os pneus, por uns de melhor qualidade e… ficarão com uma scooter ainda melhor, tanto ao nível da travagem, como na forma como “pisa” o asfalto e se comporta em curva.



Dinamicamente, a veia desportiva está sempre presente e parte da “culpa” pode ser também imputada ao baixo peso desta Kymco.
Pesando apenas 193 kg, a Xciting é atualmente a 400 mais leve do mercado, pesando menos 31 kg que a Maxsym 400 (224 kg), menos 18 kg que a X-Max 400 (211 kg) e menos 54 kg que a SW-T, apesar desta última, na minha opinião, pertencer a um “campeonato” diferente, visto ser a única 400 com um motor de 2 cilindros.
Esta diferença de peso nota-se, mal nos sentamos na Xciting e ainda mais quando a manobramos para a frente e para trás. Até as senhoras, que normalmente têm maiores dificuldades com o peso das motos/scooters e principalmente a coloca-las no descanso central, sentir-se-ão bastante á vontade, pois o seu baixo peso torna tudo bastante mais fácil.

Devido ao seu baixo peso, alguns poderão ser levados a pensar que com tais que a Xciting poderá ser uma “bailarina” a curvar. Mais uma vez estão errados! A Xciting curva “nas horas”! 
A alta velocidade, não mexe e aqui posso dizer-vos desde já que é bastante mais estável que a X-Max 400 da Yamaha que, como referi no respetivo ensaio, acima dos 140 km/h começava a “velejar”. 
Somente a curvar lá bem em cima, nos limites é que sentimos a Xciting a dobrar e mesmo assim fica sempre a dúvida se isso não será devido à pouca qualidade dos pneus.



Resumindo e concluindo, aposta ganha por parte da Kymco que com esta nova scooter vai causar, de certeza absoluta, grandes dores de cabeça não só à rival Sym, mas também às marcas japonesas, assim deixe de existir o velho estigma de que, o que não é japonês não é bom! 
A qualidade, tanto ao nível de qualidade de construção como de performances e ciclística, coloca a Kymco no topo das scooters na classe das 400 e promete marcar o ritmo agitando o mercado nos próximos tempos, o que irá obrigar a concorrência a, muito rapidamente, ter de contra-atacar. 




Características Técnicas
Motor – Monocilindro a 4 tempos, 4 válvulas, refrigeração líquida.
Cilindrada – 399 cc
Potência – 35,5 cv às 7000 rpm
Binário – 37 Nm às 6000 rpm
Transmissão – Automática (CVT)
Travões 
Dianteira – 2 discos
Traseira – Disco
Pneus
Dianteiro - 120/70-15
Traseiro – 150/70-14
Depósito de combustível – 12,5 L
Peso – 193 kg


Fatores Positivos:

- Design.
- Qualidade dos materiais
- Acabamentos.
- Motor: desenvoltura / performances / ausência de vibrações.
- Travões.
- Ciclística.

Fatores negativos:

- Pneus.
- Para-brisa “guilhotina”.
- Espaço para arrumação.

Classificação Final – 8,5
Classe 400 (de zero a dez)


Agradecimento especial
Speed Master, Lda. que muito gentilmente nos confiou a Xciting 400 para a realização deste ensaio.
http://www.speedmaster.pt

Carlos Veiga


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